Sunday, July 27, 2008

"O Silêncio"

O silêncio é de ouro
As palavras de lata são
Não se gasta a palavra
perde-se o coração

Num sentido e profundo grunhido
ergue-se um destino
destino finito de ilusórias condições
que pretendem a razão possuir
sem cérebro ter

Cantam e falam
sem que nada seja dito
reafirmam o serem racionais
condição primária da irracionalidade

Calem-se! Silêncio!
e ouçam.
Ouçam o nada, o ausente, o clemente
Cesse o barulho e animalescos sons
Cesse a Humana estupidez...

É tempo de ouvir e não falar
É tempo de sentir a vibração do ar sem palavras

Universo, poderoso que és, senhor silencioso
liberta-nos desta triste condição
faz-nos surdos às Humanas sensações
Faz-nos livres...

Saturday, July 12, 2008

"A caixa"

A caixa é escura, sem luz
compreende quatro, e não mais que quatro, paredes
é definida por quem não vê
porque a caixa é escura, sem luz.

Uma frecha se abre e fecha num instante
um tímido raio de luz a penetra
mas quem lá vive não se apercebe, porque é cego
nasceu, cresceu e, provavelmente, morrerá na caixa
e a caixa é escura, sem luz.

O som não se ouve, a vida é dissolvida
o habitante é só, mas não se importa
porque ele pertence à caixa
e a caixa é escura, sem luz.

Se visse, ouvisse e sentisse
o habitante da caixa, desejaria sair
no entanto, ele não conhece nada além da caixa
não ouve, não vê e não sente
porque a caixa é escura, sem luz.

Sem luz, sem cor, sem som
assim é a caixa, mesmo dela estando livre
não ouviria, não veria e não sentiria
A caixa é mais que quatro paredes
é toda uma vida
e a caixa é escura, sem luz...